Vírus
Os vírus estão indicados pelas setas. |
O vírus da dengue é
classificado como um arbovírus mantendo-se na natureza pela multiplicação em
mosquitos hematófagos do gênero Aedes. Pertence a família Flaviviridae, a mesma
do vírus da febre amarela. Existem quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e
DENV-4, e todos podem causar tanto a forma clássica da doença quanto formas
mais graves.
Embora existam
relatos da doença desde meados do século XIX e início do século XX no Brasil, a
circulação dos vírus dengue só foi comprovada laboratorialmente em 1982, quando
foram isolados os sorotipos DENV-1 e DENV-4, em Boa Vista (RR) ficando o país
sem notificação de casos por quatro anos. Em 1986, foi isolado o DENV-1 no
Estado do Rio de Janeiro causando epidemia e dispersão desse sorotipo para
diversas regiões do Brasil. Em seguida, com a introdução do DENV-2, também no
Estado do Rio de Janeiro, confirmou-se o primeiro caso de dengue hemorrágico
por esse sorotipo, com o aparecimento de formas graves também em outras
regiões. Em janeiro de 2001, foi isolado o DENV-3 no município de Nova Iguaçu
(RJ). Em 2010, o DENV-4 foi isolado a partir de casos detectados no estado de
Roraima e no Amazonas. Em janeiro de 2011, foi isolado no Pará e, em março do
mesmo ano, os primeiros casos de DENV-4 no Rio de Janeiro foram confirmados
pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Transmissão
e multiplicação
O ciclo de transmissão da dengue se inicia quando
o mosquito Aedes
aegypti, vetor da doença no Brasil, pica uma pessoa
infectada. O vírus multiplica-se no intestino médio do vetor e infecta outros
tecidos chegando finalmente às glândulas salivares. Uma vez infectado o
mosquito é capaz de transmitir enquanto viver.
Não existe transmissão da doença
através do contato entre indivíduos doentes e pessoas saudáveis. Após a picada
do mosquito, inicia-se o ciclo de replicação viral nas células estriadas,
lisas, fibroblastos e linfonodos locais, a seguir ocorre a viremia, com a
disseminação do vírus no organismo do indivíduo. Os primeiros sintomas como
febre, dor de cabeça e mal-estar surgem após um período de incubação que pode
variar de 2-10 dias. Uma vez infectada por um dos sorotipos do vírus, a pessoa
adquire imunidade para aquele sorotipo especifico.
Aedes aegypti |
Diagnóstico
O diagnóstico da dengue é geralmente feito clinicamente,
com base nos sintomas relatados e em exames físico, o
que se aplica especialmente em áreas endêmicas. No
entanto, os sintomas iniciais da doença podem ser difíceis de diferenciar dos
de outras infecções virais. Um diagnóstico provável
é feito com base em sinal de febre e de mais dois dos seguintes sintomas: náuseas e vômitos,
erupções cutâneas, dores generalizadas, baixa contagem de
células brancas do sangue, resultado positivo no teste do torniquete ou qualquer outro
sinal de alerta (ver tabela ao lado) em alguma pessoa que viva em uma área
endêmica. Sinais
de aviso normalmente ocorrem antes do início de um caso de dengue grave.
O
teste do torniquete, que é particularmente útil em locais onde exames
laboratoriais não estão prontamente disponíveis, envolve a aplicação de um torniquete de pressão arterial entre a
pressão sistólica e diastólica por cinco minutos, seguido pela contagem de
todas as hemorragias petéquias que surgirem; um número maior torna o
diagnóstico de dengue mais provável.
Petéquias |
O diagnóstico deve ser considerado
em pessoas que desenvolverem febre pelo prazo de duas semanas e que esteja em
regiões nos trópicos ou subtrópicos. Pode
ser difícil distinguir a febre de dengue da Chicungunha,
uma infecção viral similar que partilha de muitos de seus sintomas e ocorre em
partes similares do mundo em relação a dengue. Muitas vezes, pesquisas são
realizadas para excluir outras condições que causem sintomas semelhantes, como malária, leptospirose, febre hemorrágica viral, febre tifóide, doença meningocócica, sarampo e
gripe.
Sintomas |
Tratamento
O tratamento da dengue é de apoio, com reidratação oral ou intravenosa
para os casos leves ou moderados e fluidos intravenosos e transfusão de sangue para os casos mais graves. O número de casos da doença
tem aumentado dramaticamente desde os anos 1960, com cerca de 50 a 390 milhões
de pessoas infectadas todos os anos. A dengue é endêmica do sudeste asiático e as primeiras descrições da doença datam de 1779,
sendo que sua causa viral e seu modo de transmissão foram descobertos no início
do século XX. A dengue tornou-se um problema global desde a Segunda Guerra Mundial e é endêmica em mais de 110 países diferentes,
principalmente em regiões tropicais de Oceania, África Oriental, Caribe e América. Além de eliminar os mosquitos, pesquisas para o
desenvolvimento de uma vacina e medicação diretamente orientada para esse
tipo de vírus são formas de controlar a doenças.